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Apesar dos Alertas Socioambientais, Candiota Persiste no Uso do Carvão

Apesar dos Alertas Socioambientais, Candiota Persiste no Uso do Carvão

Em janeiro deste ano, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul assinou um protocolo de intenções com uma empresa de cimento e argamassa para viabilizar um investimento de mais de R$100 milhões na indústria carbonífera local.

 

A informação é da Tribuna do Pampa. O objetivo é ampliar a fábrica existente em Montenegro e instalar uma nova indústria em Candiota, ao lado da Usina Termoelétrica Candiota III.

 

 

Investimentos Que Custam A Saúde Da População E Do Meio Ambiente

Embora a notícia destaque os benefícios econômicos da nova indústria cimenteira em Candiota, é importante considerar os impactos ambientais e sociais associados à produção de cimento e à queima de carvão mineral.

A produção de cimento é um processo que exige muita energia , ao mesmo tempo que gera uma quantidade significativa de gases de efeito estufa, o que a caracteriza como uma prática poluente de ponta a ponta. Isso quer dizer que se a indústria de cimento fosse um país, seria o terceiro maior emissor de CO2 do mundo, atrás apenas da China e dos EUA. Além disso, estima-se que a produção de cimento seja responsável por cerca de 8% das emissões globais de CO2. Sua fabricação resulta na liberação de poluentes gasosos na atmosfera, como o dióxido de carbono (CO2), o maior responsável pelo aquecimento global.

Quanto à queima de carvão mineral, ela produz efluentes altamente tóxicos, como mercúrio e outros metais pesados, como vanádio, cádmio, arsênio e chumbo. A liberação de dióxido de carbono pela queima também causa poluição na atmosfera, agravando o aquecimento global e contribuindo para a chuva ácida.

 

Cimento E Co2: Construindo A Crise Climática

O concreto tem sido um dos materiais mais amplamente utilizados no mundo, principalmente na construção, sendo o cimento o principal componente dessa mistura que conta com areia, brita e água.

O impacto do cimento na crise climática inicia na extração e transporte de suas matérias primas, que representam apenas 10% de suas emissões. Já 90% das emissões estão atribuídas ao seu processo de fabricação, principalmente do clínquer – material que representa, em média, 50% da mistura que constitui o cimento, sendo obtido através da exposição da mistura de calcário e argila às temperaturas superiores à 1450ºC. O mesmo é responsável pelo endurecimento do cimento na presença de água.

Além disso, durante o processo de fabricação do clínquer nos fornos é necessário utilização de muita energia, muitas vezes sendo ela proveniente de carvão mineral ou gás natural, ambos combustíveis fósseis. Ao final desta conta, gera-se uma tonelada de CO2 para cada tonelada de cimento. Assim, percebe-se como toda a cadeia de realização do cimento gera extremos passivos ambientais que contribuem para o aquecimento global e para as injustiças socioambientais, haja vista que é a população vulnerabilizada a que mais sofre com os desastres ambientais que anualmente se agravam.

 

Apesar de sua problemática substituir o cimento poluente é uma iniciativa muito cara, porém possível, pesquisadores da universidade de Cambridge, desenvolveram e patentearam a fabricação de um cimento que realiza mais de 50% de reciclagem além de consumir menos matéria prima, utilizando de inspiração o processo de “lime-flux” técnica usada no processamento de reciclagem de aço.

O novo processo começa com resíduos de concreto provenientes da demolição de edifícios antigos. Este é triturado para separar as pedras e a areia que formam o concreto da mistura de pó de cimento e água que os une. O pó de cimento antigo é então usado em vez do fluxo de cal na reciclagem do aço. À medida que o aço derrete, o fluxo forma uma escória que flutua no aço líquido, para protegê-lo do oxigênio do ar. Depois que o aço reciclado é retirado, a escória líquida é resfriada rapidamente ao ar e transformada em pó que é virtualmente idêntico ao clínquer que é a base do novo cimento Portland. Em testes em escala piloto do novo processo, a equipe de Cambridge demonstrou esse processo de reciclagem combinado, e os resultados mostram que ele tem a composição química de um clínquer feito com o processo atual.

 

Os Impactos Regionais Da Indústria Fóssil

O Rio Grande do Sul tem enfrentado uma série de eventos climáticos extremos, como enchentes, secas e tempestades, que têm se tornado mais frequentes e intensos. Esses eventos são intensificados pela mudança climática, que é impulsionada em grande parte pela queima de combustíveis fósseis.

Candiota, no Rio Grande do Sul, é conhecida por sua indústria de carvão. A cidade abriga a maior jazida de carvão brasileira, com aproximadamente 38% do carvão nacional. A Usina Termelétrica que opera com o carvão mineral abundante é uma das principais fontes de emprego e renda para a região.

No entanto, a exploração e queima de carvão têm causado impactos ambientais significativos na região ao longo de suas cinco décadas de operação. A mineração de carvão resulta na remoção de grandes volumes de solo e rochas, gerando impactos ambientais significativos na paisagem, poluição do ar com sua queima e da água com a DAM, drenagem ácida de mina.

Além disso, as usinas termelétricas de Candiota, que operam com carvão mineral, são algumas das mais poluentes do país. Um relatório do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) apontou as duas unidades ativas no município – Candiota III, da CGT Eletrosul, e Pampa Sul, da Engie – como as líderes em emissões de gases do efeito estufa (GEE) e entre as menos eficientes do país. A Pampa Sul aparece no topo do ranking, entre as termelétricas em atividade, com 2 milhões de toneladas de emissões de gás carbônico (CO2). A Candiota III aparece na sexta posição, com 1,6 milhão.

Em 2022 o Brasil concedeu R$ 80,9 bilhões em subsídios à indústria do petróleo e gás, um valor que é cinco vezes maior do que os incentivos voltados às energias renováveis. Esses subsídios acabam incentivando a indústria do petróleo e do carvão, apesar dos impactos ambientais significativos associados a esses combustíveis.

 

 

O Instituto Internacional Arayara tem feito esforços significativos para mitigar o impacto dos combustíveis fósseis no Brasil, incluindo a diminuição do uso de carvão mineral. Aqui estão alguns exemplos:

 

Projetos para a Redução do Impacto da Indústria de Combustíveis Fósseis

• A Arayara elaborou o estudo “Legado Tóxico”, em parceria com o Observatório do Carvão Mineral, que expõe os impactos da cadeia produtiva do carvão mineral na Usina Termelétrica Jorge Lacerda. Lançado durante a COP27, revela áreas residenciais e agrícolas contaminadas, colocando mais de um milhão de pessoas em risco à saúde. Os custos estimados para a recuperação ambiental e reparação dos danos ultrapassam R$1,5 bilhão.

• Criticou o Programa para Uso Sustentável do Carvão Mineral Nacional, apresentado pelo Ministério de Minas e Energia, por perpetuar a presença do carvão na matriz elétrica de modo antieconômico e não apresentar qualquer alternativa de transição justa para os trabalhadores do setor e o restante da população das regiões carboníferas do país.

• Realizou o 1º Congresso Internacional sobre a Obsolescência do Carvão Mineral em 2022, um evento híbrido realizado nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Contando com a participação de setores acadêmicos, movimentos sociais e comunidades atingidas por empreendimentos fósseis.

Esses esforços demonstram o compromisso da Arayara em promover uma transição energética justa e sustentável no Brasil. A organização está trabalhando para garantir que essa transição seja participativa, inclusiva, responsável e universal, respeitando os trabalhadores, os territórios, as demandas populares e os princípios de dignidade humana e bem-viver, assim como a defesa do meio ambiente sadio para a atual e as futuras gerações.

Audiência Pública na Câmara dos Deputados Debate Consequências Climáticas e Alimentares

Audiência Pública na Câmara dos Deputados Debate Consequências Climáticas e Alimentares

Instituto Internacional ARAYARA destaca importância de abordar causas da crise climática

Brasília – Nesta quinta-feira (19/10), a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública que colocou em foco o impacto das mudanças climáticas e suas interconexões com crises sociais, econômicas, de saúde e alimentares. O evento ocorreu no plenário 04 do anexo II da Câmara e reuniu especialistas e defensores do meio ambiente em busca de soluções abrangentes para a crise climática.

O Instituto Internacional ARAYARA, uma organização comprometida com a promoção de políticas ambientais sustentáveis, participou do evento. Durante a audiência pública, os representantes do instituto enfatizaram a necessidade de não apenas tratar as consequências, mas também as causas subjacentes à crise climática, que é um fator crucial na insegurança alimentar global.

Renato Santa Ritta, advogado e membro do Instituto ARAYARA, explicou: “A insegurança alimentar é uma consequência direta da crise climática. Estamos testemunhando numerosos projetos, como o fracking e a exploração de carvão mineral, que avançam, sendo os mesmos que  agravam a crise climática. É essencial abordar essas questões em sua raiz”.

A audiência pública reuniu especialistas de diversas áreas, incluindo cientistas, ambientalistas, economistas e representantes da sociedade civil. Durante a discussão, foram destacadas as interconexões entre a crise climática e diversos outros problemas, incluindo a fome, o deslocamento de população devido a desastres naturais e a instabilidade econômica.

A preocupação central foi a necessidade de políticas públicas mais abrangentes que enfrentam as raízes da crise climática e, ao mesmo tempo, combatem suas consequências em cascata. Muitos participantes destacaram a importância de adotar práticas de desenvolvimento sustentável e a transição para fontes de energia limpa como passos fundamentais na luta contra a crise climática.

Esta audiência pública na Câmara dos Deputados representou um passo importante na conscientização sobre a crise climática e seus impactos em diversas esferas da sociedade. O evento declarou o compromisso de diversos setores em encontrar soluções para as questões prementes que afetam o planeta, destacando a necessidade de abordar as causas subjacentes para proteger a segurança alimentar e o bem-estar de todos.

19 de outubro de 2023

Dalcio Costa –  Advocacy do Instituto Internacional ARAYARA

MMA emite declaración sobre la inconstitucionalidad de la “Ley de Transición Energética Justa” en Nota Técnica enviada al Tribunal Supremo (STF)

MMA emite declaración sobre la inconstitucionalidad de la “Ley de Transición Energética Justa” en Nota Técnica enviada al Tribunal Supremo (STF)

En un análisis técnico, el Ministerio de Medio Ambiente expresó serias preocupaciones con respecto a la Ley N.º 14.299, conocida por crear el controvertido “Programa de Transición Energética Justa (TEJ)”. Aunque esta ley tiene el objetivo declarado en su nombre de promover la transición energética, los expertos del Ministerio advierten que podría estar actuando de manera contradictoria al otorgar subsidios a la minería de carbón en Santa Catarina, lo que finalmente compromete los objetivos ambientales y los acuerdos globales.

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MMA emite declaración sobre la inconstitucionalidad de la “Ley de Transición Energética Justa” en Nota Técnica enviada al Tribunal Supremo (STF)

MMA issues statement on unconstitutionality of the “Just Energy Transition Law” in Technical Note sent to the Supreme Court (STF)

In a technical analysis, the Ministry of the Environment expressed serious concerns regarding Law No. 14,299, known for creating the controversial “Just Energy Transition Program (TEJ).” While this law has the stated objective in its name to promote energy transition, experts from the Ministry warn that it might be acting in a contradictory manner by granting subsidies to coal mining in Santa Catarina, which ultimately compromises environmental goals and global agreements.

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MMA emite declaración sobre la inconstitucionalidad de la “Ley de Transición Energética Justa” en Nota Técnica enviada al Tribunal Supremo (STF)

MMA se manifesta sobre inconstitucionalidade da “Lei de Transição Energética Justa” em Nota Técnica enviada ao STF

Em uma análise técnica, o Ministério do Meio Ambiente expressou sérias preocupações em relação à Lei n. 14.299, conhecida por criar o controverso “Programa de Transição Energética Justa (TEJ)”. Enquanto essa lei tem o objetivo declarado em seu nome de promover a transição energética, especialistas do Ministério alertam que ela pode estar atuando de maneira contraditória, ao conceder subsídios ao carvão mineral de Santa Catarina, o que acaba comprometendo metas ambientais e acordos globais.

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