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Arayara e município Baiano com uma das melhores águas do Brasil discutem Fracking em Audiência Pública na Câmara Municipal

Arayara e município Baiano com uma das melhores águas do Brasil discutem Fracking em Audiência Pública na Câmara Municipal

Cidade de Alagoinhas, na Bahia, sedia Audiência Pública para debater com população os riscos do Fracking, método de extração de gás via fraturamento de uma sedimentação rochosa chamada xisto, utilizado pela indústria de Petróleo e Gás (P&G).

Audiência acontece nesta segunda-feira, 15 de abril, às 9h, na Câmara Municipal de Vereadores.

Convocada pelo vereador Thor de Ninha (PT), a Audiência Pública em Alagoinhas contará com a participação do Instituto Internacional Arayara que, ao lado da Coalizão Não Fracking Brasil Pela Água e Vida (COESUS), apoia gestores públicos que desejam implementar Projetos de Lei a impedir que a técnica seja utilizada em suas cidades ou estados. Deputado Federal Jorge Solla (PT), também contrário ao Fracking, participa.

Localizada na região de Feira de Santana e a 128km de Salvador, cidade de Alagoinhas é conhecida por abrigar grande quantidade de água (nome da cidade faz referência a lagos, abundantes na região). A água de Alagoinhas já foi considerada a melhor do Brasil e a segunda melhor do mundo para a fabricação de bebidas por possuir um ph perto do neutro, o que seria uma “água pura”.

Por conta de seus recursos hídricos, provenientes do Aquífero de São Sebastião, cidade se consolidou como um importante polo de produção de bebidas. Somente em 2021, mais de 1 bilhão e meio de litros de cervejas, água mineral e refrigerantes foram produzidos pela cidade, que abriga três grandes fábricas de grupos de cerveja.

Além da produção de bebidas, Alagoinhas também é conhecida pela agricultura de frutas cítricas, sendo atualmente a 4a maior cidade produtora de laranjas do estado da Bahia. Toda essa expressiva indústria de alimentos e bebidas, juntamente com o turismo, estariam ameaçados se o fraturamento hidráulico, ou Fracking, for implementado pela indústria de Petróleo e Gás na região.

Fracking – um risco à saúde e ao meio ambiente

O Fracking é um método não convencional de liberar óleo e gás de formações rochosas. Nesse processo, milhões de litros de água potável e mais de 600 produtos químicos são injetados no subsolo, causando uma grande pressão nas rochas para provocar fraturas e permitir a extração do gás de xisto (sendo “xisto” o nome desse tipo poroso de rocha sedimentar).

Estudos sobre a técnica apontam que as substâncias utilizadas nesse processo, tais como o benzeno (substância cancerígena), tolueno, etilbenzeno, xileno, ozônio, hidrocarbonetos, dentre outros, são perigosas ao meio ambiente e à saúde humana. Locais onde a técnica foi implementada, como os Estados Unidos e a Argentina, demonstraram:

  • grave contaminação do solo e das águas subterrâneas, comprometendo as atividade do agronegócio e da pecuária;
  • maiores taxas de câncer, asma, complicações cardíacas, má-formação de fetos, abortos e mortes em comunidades próximas a poços de extração que utilizam a técnica;
  • além de maiores chances de submeter a região ao entorno do poço à falta d’água, devido à grande demanda por água para execução da técnica.

 

Campanha Anti-Fracking na Bahia

Além da Audiência Pública em Alagoinhas, Instituto Internacional Arayara, representando a Coalizão Não Fracking Brasil Pela Água e Vida (COESUS), passará por outras 58 cidades da Bahia, falando à população sobre os riscos da técnica e a importância de se construírem medidas de proteção contra a exploração de gás de xisto.

Momentos antes da Audiência Pública em Alagoinhas, diretor-presidente do Instituto Internacional Arayara, Juliano Bueno de Araújo, falou aos ouvintes da Rádio Digital FM, de Alagoinhas, ao lado do vereador Thor de Ninha (PT), sobre o tema e convidou a população à participação na Audiência Pública na Câmara Municipal.

Ao longo de 10 anos de campanha, Arayara e COESUS conseguiram mobilizar centenas de cidades do Brasil a proibir ou coibir o Fracking. Atualmente, dois estados (Paraná e Santa Catarina) e 391 municípios possuem leis específicas anti-Fracking.

 

Bósnia: exploração carvão gera poluição, doenças e mortes

Bósnia: exploração carvão gera poluição, doenças e mortes

No Rio Grande do Sul, a proposta de instalação da maior mina de exploração de carvão a céu aberto do Brasil – Mina Guaíba – coloca em risco a vida de mais de 4,3 milhões de moradores da região metropolitana de Porto Alegre. O carvão é um combustível fóssil e, assim, um dos mais graves influenciadores das mudanças climáticas. As consequências de sua exploração são devastadoras. Abaixo, compartilhamos uma reportagem que fala sobre a exploração do carvão na Bósnia. Serve como alerta urgente à sociedade gaúcha e brasileira.

Confira:

Na Europa, ainda existe um lugar onde o carvão é transportado por uma locomotiva a vapor: a mina de Banovići, na Bósnia-Herzegovina.

Esta não é a única tecnologia obsoleta usada no setor de energia dos países dos Balcãs: a Bósnia abriga três das dez usinas termelétricas a carvão mais poluentes da Europa.

Apesar de seu impacto negativo no meio ambiente e na saúde, associações e especialistas apontam que a Bósnia não está tentando reduzir sua dependência de combustíveis fósseis, um dos tópicos mais importantes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP25), em Madri. O motivo? Dinheiro.

As abundantes reservas subterrâneas de carvão da Bósnia e a lucratividade do modelo de negócios – exportando eletricidade produzida em usinas antigas – tornam praticamente impossível para o país cumprir qualquer uma das metas de emissão estabelecidas pelo acordo de Paris.

O negócio de carvão é cada vez mais lucrativo para alguns – mas prejudicial para muitos.

Lucro comercial para saúde

Todas as cinco usinas de energia localizadas na Bósnia são movidas a carvão. Isso faz do país o único exportador de energia nos Balcãs.

Tuzla, a terceira cidade da Bósnia, abriga uma das maiores usinas de carvão da região. A fábrica Termoelektrana, em combinação com o tráfego intenso de carros, as indústrias e o uso doméstico de carvão para aquecimento, faz de Tuzla a cidade com a pior qualidade do ar nos Balcãs Ocidentais.

A poluição de Tuzla é 6,5 vezes acima do nível recomendado pelos padrões da Organização Mundial da Saúde.

De acordo com os dados fornecidos pela Aliança Global para o Clima e a Saúde, a usina de carvão de Tuzla emite 896 toneladas de PM2,5 anualmente e é a maior fonte de PM2,5 do país. PM10 e PM2.5 são partículas poluentes presentes no ar que respiramos. As partículas podem absorver substâncias tóxicas como sulfatos, nitratos, metais e compostos voláteis.

“Os poluentes aumentaram a incidência de câncer nas áreas próximas”, diz Denis Zisko, gerente de projetos do Centro Nacional Bósnio de Ecologia e Energia.

Um relatório do Bankwatch divulgado em junho de 2019 aponta que 8 das 41 mortes por câncer de pulmão e 29% das mortes por acidente vascular cerebral são causadas pela poluição por PM2,5. A mesma pesquisa destacou que 136 mortes prematuras foram causadas por PM2,5, 17% de todas as mortes de adultos acima de 30 anos.

O ativista local Goran Stojak explica que as crianças nascidas em Tuzla e seus arredores sofrem de problemas respiratórios desde que nascem. O relatório do Bankwatch afirma que a poluição por PM2,5 é responsável por 23% da bronquite infantil – 160 em 695.

“As cinzas são armazenadas em um lago artificial ao ar livre, sem proteção para evitar a poluição do ar e do solo. Durante a estação seca, a água evapora e a poeira, cheia de metais pesados, é transportada pelo vento diretamente para a cidade ”, explica Stojak.

Um estudo do Center for Ecology and Energy Tuzla estima que a queima de carvão pode ter um forte impacto na população de Tuzla: 4.900 anos a menos de expectativa de vida, 131.000 dias úteis perdidos e mais de 170 internações por problemas cardíacos e respiratórios.

De acordo com um estudo de 2016 realizado pela ONG ambientalista local Heal, o impacto na saúde das usinas a carvão da Bósnia tem um custo entre 390 milhões e 1,134 milhão de euros para o estado.

No entanto, como os poluentes do ar se movem através das fronteiras, Heal calcula que eles contribuem para uma conta total entre 1,1 bilhão e 3,1 bilhões de euros na Europa.

Política piora a situação

A Bósnia de hoje luta para lidar com o complexo sistema que herdou dos chamados “acordos de Dayton”, encerrando a guerra que devastou o país nos anos 1990.

As decisões dificilmente são tomadas, pois a política local está em constante busca de um equilíbrio entre as três principais etnias (croata, sérvia e bósnia). Em um país liderado por três presidentes rotativos, apresentar uma estratégia ambiental viável parece impossível, argumenta o professor Samir Lemeš, da universidade de Zenica.

O sistema de carvão

Embora improdutivas, as usinas de energia e as minas de carvão não estão fechadas porque incorporam o pilar do “sistema de carvão” da Bósnia.

“O setor de energia se beneficia de grandes subsídios governamentais que compensam as perdas das minas e mantêm os preços da eletricidade artificialmente baixos”, acrescenta Lemeš. “Os partidos políticos controlam a indústria e apontam seus capangas para os cargos executivos, além de conceder oportunidades de emprego a seus membros comuns”.

Como as receitas das exportações de energia são compartilhadas por poucos, a população suporta o preço desse sistema de lubrificação em termos de impostos e doenças.

“Paradoxalmente”, Žisko afirma, “o estado da Bósnia está atualmente endividando-se com empréstimos consideráveis ​​para construir novas usinas termelétricas a carvão. Espera-se que esses investimentos sejam devolvidos apenas em um futuro distante, possivelmente quando a Bósnia já for membro da UE ”.

O país será forçado a fechar suas fábricas nesse período, já que a Bósnia terá que descarbonizar sua economia para ingressar na UE.

Essa falta de visão de longo alcance contrasta com a presença de várias fontes alternativas de energia em todo o país. Segundo o ex-representante da ONU na Bósnia-Herzegovina: “Seus rios poderiam ser facilmente explorados para a construção de usinas hidrelétricas, por exemplo. É necessária uma mudança radical de mentalidade para desistir do carvão ”.

Fonte: EuroNews