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Vaticano publica mais de 200 “mandamentos” para proteção ambiental do planeta

Vaticano publica mais de 200 “mandamentos” para proteção ambiental do planeta

No dia 18 de junho, quinto aniversário da publicação de Laudato Si – encíclica do Papa Francisco que apela à unificação global no combate às mudanças climáticas – o Vaticano publica novas diretrizes com mais de 200 recomendações em defesa do ambiente.

O documento intitulado “Caminhando em direção ao cuidado de nosso lar comum: cinco anos depois de Laudato Si” sugere medidas práticas para conter o aquecimento global e faz alertas severos contra os perigos da degradação ambiental. O documento convida o mundo a descarbonizar os setores energético e econômico, tornando as energias renováveis acessíveis a todos, e pede uma reforma dos subsídios aos combustíveis fósseis e tributação das emissões de CO2. 

Esse é o primeiro endosso do Vaticano à campanha mundial de desinvestimento de combustíveis fósseis.

Compromisso internacional

Em maio de 2020, 42 instituições em 14 países anunciaram seu compromisso de eliminar essas fontes de energia. “O apoio ao desinvestimento é um dos grandes momentos desta campanha de uma década”, afirma Bill Mckibben, escritor, ambientalista e cofundador da ONG da 350.org.

Segundo ele, a ação “torna ainda mais claro que pessoas de boa fé simplesmente não podem tentar lucrar com a destruição do planeta.”

No ano passado, o relatório final do Sínodo da Amazônia já recomendava o desinvestimento em combustíveis fósseis, e na ocasião, o Papa Francisco emitiu a primeira declaração de todos os tempos de um pontífice sobre o tema.

Inclusão social

O texto apela também à promoção da agricultura “diversificada e sustentável” e faz uma defesa dos pequenos produtores e da necessidade urgente de promover uma educação alimentar saudável. Há ainda um forte apelo para combater a apropriação de terras e os grandes projetos agroindustriais que poluem o ambiente, além de ameaçar a proteção da biodiversidade.

Segundo o documento, o mundo das finanças precisa visar o “primado do bem comum” e trabalhar para acabar com a pobreza. “A pandemia de Covid-19”, diz o documento, “mostra como elementos do sistema estão sendo questionados quando reduzem o bem-estar, permitem especulações até mesmo no infortúnio e oprimem as pessoas mais pobres”.

O texto se refere especificamente aos sistemas de saúde como uma questão de “equidade e justiça social” e reafirma a importância do direito de cuidar. “À medida que as redes ecológicas são degradadas, as redes sociais também são destruídas. Nos dois casos, são os mais pobres que sofrem as consequências”, afirmam as diretrizes. 

O Vaticano sugere, ainda, avaliação criteriosa dos perigos associados à “rápida disseminação de epidemias virais e bacterianas”. 

Notável e profético

“O nível de detalhe das diretrizes é notável e profético, variando de desinvestimento em combustíveis fósseis a atividades pastorais”, avalia Tomás Insua, diretor executivo do Movimento Global pelo Clima Católico. “Esperamos que este novo documento acelere ainda mais o compromisso da comunidade católica de cuidar de nosso lar comum, particularmente à luz do Ano do Si de Laudato do Papa Francisco”.

Mais informações sobre o documento podem ser acessadas aqui.

Via CicloVivo.

Desinvestimento em fósseis: oportunidade para a humanidade

Desinvestimento em fósseis: oportunidade para a humanidade

Um novo modelo de crescimento econômico mais justo e sustentável e que olha para o futuro do planeta e da humanidade. Enquanto a economia global enfrenta a pior crise desde 1929 devido ao Coronavírus, 42 instituições religiosas de várias denominações em 14 países anunciam em conjunto seu desinvestimento em combustíveis fósseis. Também pedem aos governos do mundo comprometidos em apoiar suas economias com grandes planos de intervenção pública, para pensar a longo prazo, visando uma retomada que seja de baixo conteúdo em carbono e mais justa.

Não investir em combustíveis fósseis

A declaração comum de intenções, a primeira assinada por um número tão grande de organizações confessionais nesta área, foi acompanhada, entre outras, por entidades católicas, metodistas, anglicanas e budistas. A participação católica é particularmente significativa nesta semana da Laudato si’, celebrada na véspera do Ano dedicado aos cuidados da Criação, que terá início no dia 24 de maio, no quinto aniversário da publicação da Encíclica do Papa Francisco sobre ecologia integral.

Cuidado da Casa comum

A questão do cuidado da Casa comum é uma questão que a emergência sanitária e a emergência econômica e social em evidência correm o risco passar em segundo plano, enquanto o acordo climático de Paris continua a ser desconsiderado. Isto é confirmado por um recente relatório da ONG britânica cristã Operation Noah, segundo o qual nenhuma das grandes multinacionais do petróleo atingiu até agora as metas estabelecidas pelo Cop21 em 2015.

Por outro lado, as comunidades de fé há muito tempo assumiram a liderança do movimento pelo desinvestimento global da energia fóssil e são as que mais contribuíram com iniciativas individuais neste sentido: mais de 350 de um total de 1.400. Somente no último mês, 21 organizações católicas com um patrimônio total de 40 bilhões de dólares se comprometeram a investir em empresas que aderiram ao Catholic Impact Investing Pledge, o compromisso de respeitar os ensinamentos sociais da Igreja sobre proteção ambiental e justiça social em seus planos de investimento.

Recuperação “completa e resiliente”

A nova iniciativa inter-religiosa conjunta visa encorajar os governos de todo o mundo a promover políticas nessa direção para permitir uma recuperação “completa e resiliente” na era pós-Coronavírus. “A atual crise de saúde tem destacado mais do que nunca a necessidade de uma ação internacional coerente diante de uma ameaça global”, destaca o reverendo Rowan Williams, ex-Primaz da Igreja Anglicana, segundo o qual a experiência do Coronavírus é uma lição da qual extrair ensinamentos também para as mudanças climáticas: Fazer isso”, diz ele, “significa tomar medidas práticas e eficazes para reduzir nossa dependência letal em combustíveis fósseis”. Com o mesmo tipo de pensamento afirma Padre Endra Wijayanta, diretor da Comissão de Justiça, Paz e a Integridade da Criação da Arquidiocese de Semarang, Indonésia: “Esta pandemia é o momento certo não só para refletir, mas também para agir”, bloqueando “a espiral ecológica da morte” e “tomando o caminho de um estilo de vida mais sustentável”.

Decisões de hoje marcarão o futuro

“Cada dólar investido em combustíveis fósseis é um voto de sofrimento”, insiste Tomás Insua, diretor executivo do Movimento Católico Global para o Clima (Mcgc). Também para Isabel Apawo Phiri, secretária-geral adjunta do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), o desinvestimento em combustíveis fósseis para uma economia mais sustentável “é mais urgente do que nunca”. James Buchanan, responsável pela Campanha Bright Now da Operação Noah, lembra, por sua vez, que “As decisões que tomarmos agora vão afetar o futuro da humanidade por milhares de anos”.

Fonte: Vatican News

Semana Laudato si’: construir juntos um mundo melhor

A Semana Laudato si’ faz parte de uma campanha global por ocasião do 5º aniversário da Encíclica sobre o Cuidado da Casa comum. O tema da semana é “Tudo está conectado”. A Laudato si’ é um documento escrito há cinco anos pelo Papa Francisco.

Teve início hoje, sábado (16/05), a Semana Laudato si’, uma iniciativa promovida pelo Vaticano, que se concluirá em 24 de maio, ao meio dia, hora local, com um Dia Mundial de Oração.

A Semana Laudato si’ faz parte de uma campanha global por ocasião do 5º aniversário da Encíclica sobre o Cuidado da Casa comum. O tema da semana é “Tudo está conectado”. De 16 a 24 de maio, os católicos são convidados a participar de seminários de formação on-line, interativos e colaborativos.

Numa mensagem de vídeo, divulgada recentemente, o Papa Francisco encoraja os fiéis a participar e a pensar no futuro da nossa Casa comum.

“Que tipo de mundo queremos deixar para aqueles que vêm depois de nós, para as crianças que estão crescendo?” A partir dessa pergunta, o Papa renova seu “apelo urgente a fim de responder à crise ecológica, ao grito da terra e ao grito dos pobres que não podem mais esperar. Cuidemos da criação, presente do nosso bom Deus criador. Celebremos juntos a Semana Laudato si’. Que Deus os abençoe e não se esqueçam de rezar por mim”, afirma o Papa na videomensagem.

Brasil

No Brasil, a 350.org está potencializando a luta pela chamada casa comum e sua proteção. Em uma campanha digital, a organização quer alertar as pessoas sobre a conexão de tudo que nos cerca. A ação dura até o dia 5 de junho de 2020, quando é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Para o 5 de junho, às 20h, horário de Brasília, a 350.org convida a todos que acendam uma vela e coloquem na janela de suas casas para sinalizar sua preocupação e cuidado com a casa comum e a saúde da humanidade.

Para Renan Andrade, gestor ambiental e coordenador do programa Fé, Paz e Clima da 350.org no Brasil, o momento mundial pede essa reflexão. “Propusemos uma vigília porque todos precisamos de um momento de reflexão. Precisamos que as pessoas se unam em uma grande corrente de fé e cuidem umas das outras, cuidem do planeta, do próximo e todas as formas de vida. Tudo está interligado, como disse o Papa Francisco na Laudato si`. A pandemia que o mundo enfrenta, hoje, confirma isso”, afirmou Andrade.

Veja, a seguir, a mensagem do Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, sobre a Semana Laudato si’.

Com informações do Vaticano